sexta-feira, 28 de maio de 2010

Os Amores de Apolo


Era uma vez um deus na mitologia grega, muito bonito e luminoso, mas não muito feliz nas aventuras amorosas.

Será que foi Afrodite, a deusa do Amor, que o condenou a ser infeliz porque ele, anunciando o dia com sua luz, mostrou-a em pleno leito de amor com o amante Ares? Esse deus grego, desventuroso no amor, é Apolo, de quem agora passo a narrar as aventuras e desventuras amorosas.

Apolo é o deus da luz, vencedor das forças ctônias, filho de Zeus e Leto, é o Brilhante, o sol. É alto, majestoso e tem a face radiante de beleza. Mas mesmo com tanta luz e formosura, Apolo, que teve inúmeras ligações com musas, ninfas e simples mortais, jamais encontrou segurança e felicidade nas relações amorosas.


Dafne: o Loureiro consagrado a Apolo

Apolo conhece a ninfa Dafne, por quem se apaixona. Este seu primeiro amor foi insuflado por vingança de Eros. Apolo havia zombado de suas flechas, considerando-as brincadeira, porém o filho de Afrodite tinha em seu poder as flechas da atração e da repulsa. Eros atinge Apolo com a flecha do amor e Dafne com a da aversão e repulsa.

Apolo se apaixona e Dafne se esquiva e não se sensibiliza com as súplicas amorosas do deus solar. E mesmo sendo Apolo o inventor da medicina, um curador que tem todas as plantas à sua disposição, não encontra uma erva capaz de curá-lo desse amor tão devassador. A ninfa não o deseja e foge amedrontada. Apolo a persegue e observa o vento a desnudar-lhe o corpo agitando suas vestes e a jogar-lhes os cabelos para trás. A fuga a deixa mais bela. O deus está cheio de esperanças e quando levado pelas asas do amor, roça-lhe as madeixas espalhadas pelo pescoço esguio. Ela exaurida pede socorro às águas do rio Peneu, seu pai: "ajuda-me, meu pai. Se vós os rios, tendes um poder divino, transforma-me e destrói esta beleza que faz com que eu o atraia demais". E de imediato a ninfa é metamorfoseada em árvore: o loreiro. Não restava nada de Dafne, a não ser a formosura.

Apolo abraça o loureiro e declara seu amor eterno: "serás a árvore a mim consagrada. Meus cabelos, minha lira, minha aljava sempre ostentarão o louro". O deus que cingia a bela fronte e cabelos com as folhas de qualquer árvore, passou a usar exclusivamente o louro em homenagem a Dafne.


Poetas, músicos e cantores: filhos das musas

As musas também foram objetos do desejo e aventuras de Apolo. Amou Talia e dessa união nasceram os Coribantes. Com Urânia, gerou o músico Lino e da sua relação com Calíope nasceu Orfeu, que era músico, poeta e exímio cantor.


Corônis e outros amores

É da sua união com a mortal Corônis que nasce Asclépio, primoroso nas artes da medicina. A ninfa ainda grávida, temendo que o deus - por ser eternamente jovem - a abandonasse na velhice, uniu-se a Isquis. O filho da união de Apolo com Corônis foi o motivo da expulsão do deus do Olimpo. Por ter assassinado os cíclopes, que foram responsáveis pela morte de Asclépio, Apolo foi expulso do Olimpo por Zeus e exilado em Feres.

Quando enamorou-se de Cassandra, também não foi feliz. Apolo consedeu à jovem o dom da profecia, mas ela recusou-se a entregar-se ao deus, que cospe-lhe na boca, tirando sua credibilidade. Embora profetizasse a verdade, ninguém acreditava no que Cassandra dizia. Apolo também amou a advinha Manto, filha de Tirésias, e teve uma paixão violenta pela bela ateniense Creúsa.

E mais e mais amou Apolo, com vitórias e fracassos.


Jacinto: adolescente transformado em flor

Desventuroso também foi o amor de Apolo por Jacinto, adolescente de rara beleza, que o deus amou eternamente. Estavam uma tarde numa competição, quando um disco arremessado por Apolo é desviado pelo ciumento vento Zéfiro, que também amava Jacinto. O disco atinge a fronte do adolescente que tomba ao chão, mortalmente ferido. Apolo tenta todos os recursos da sua arte curativa para trazer de volta o jovem que tanto ama, mas os esforços são inúteis. O deus então faz brotar do sangue do jovem, espalhado na relva, uma flor brilhante e purpúrea, o Jacinto, como homenagem de amor.

Para Zeus - supremo senhor dos deuses e dos mortais - já era tempo de Apolo ter restabelecido todos seus direitos e voltar ao Olimpo. E assim, reconquistando todos os seus atributos, Apolo foi designado para espalhar luz no mundo.


Fontes de pesquisa:
Mitologia Grega, de Junito Brandão
As Metamorfoses, de Ovídio

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